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Guaibim na 2ª Guerra Mundial: O Ataque Submarino que Marcou a História e Levou o Brasil ao Conflito.

Ataque a Praia de Guaibim? Veja este relato histórico e pouco conhecido:

“Pearl Harbor Nordestino”

Durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil foi alvo de vários ataques submarinos alemães, e um desses incidentes ficou conhecido como o “Pearl Harbor Nordestino”. O ataque ocorreu em 1942, quando um submarino alemão, o U-507, afundou vários navios brasileiros na costa nordeste do país, incluindo o navio Baependi, que transportava tropas e suprimentos para a Força Expedicionária Brasileira.

Tripulantes na Praia de Guaibim

O historiador Edgard Oliveira ressalta que o papel de Guaibim nessa história é fundamental. Foi nessa praia, localizada no município de Valença, Bahia, que as primeiras vítimas do ataque submarino foram encontradas. Os corpos dos tripulantes do navio Baependi, assim como os restos dos navios afundados, chegaram à costa de Guaibim, chocando a população local.

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O navio brasileiro Baependi – 269 tripulantes apenas 36 sobreviveram.

Comoção em Valença

Esse acontecimento histórico teve um grande impacto na sociedade brasileira, aumentando a pressão para que o país entrasse na guerra ao lado dos Aliados. Além disso, foi um momento de grande comoção para a cidade de Valença, que viu sua praia ser palco de um dos maiores desastres marítimos da história do Brasil.

O submarino Alemão U-507

No dia 15 de agosto daquele ano, o submarino alemão U-507 atacou o navio mercante Baependi, que seguia em direção ao porto de Salvador com destino final em Recife. O navio foi afundado e, dos 269 tripulantes, apenas 36 sobreviveram. Mas o ataque não parou por aí.

Horas depois, o U-507 lançou torpedos contra um grupo de embarcações que estava ancorado na praia de Guaibim. Os navios eram usados para o transporte de coco e madeira e pertenciam a famílias locais. O ataque foi devastador, resultando em 21 mortes e deixando a pequena vila de pescadores em choque.

O historiador Edgard Oliveira, em seu livro “A Bahia na II Guerra Mundial”, destaca que o ataque ao Guaibim foi um dos fatores que levaram o Brasil a declarar guerra à Alemanha e à Itália. Segundo o autor, o governo brasileiro havia tentado manter uma política de neutralidade até então, mas a ação do U-507 foi considerada uma ameaça direta à soberania do país.

O ataque submarino ao Guaibim pode ser considerado como o “Pearl Harbor nordestino”, uma vez que trouxe a guerra para a porta de casa dos brasileiros. Embora muitos anos tenham se passado desde então, o episódio continua sendo lembrado como um marco na história do país.

Duas vezes náufragos

Atingido em cheio pelo U-507, às 10h40 do dia 17, uma segunda-feira, o navio pertencente à Companhia Nacional de Navegação Costeira, afundou rapidamente. O pescador Valdemar do Rosário, ouviu da praia do Guaibim, o estrondo produzido pelo ataque ao Itagiba: “Parecia um tiroteio no meio do mar”.

A bordo estavam 60 tripulantes, 21 passageiros e 96 militares que partiram do Rio para Salvador. Das 8 baleeiras – embarcações menores, a remo – que poderiam ser usadas para o salvamento, duas foram inutilizadas pela explosão. Os náufragos de 4 das 6 baleeiras restantes foram acudidos por um iate; os das outras duas foram salvos pelo cargueiro Arará, que levava sucata de ferro de Salvador para Santos.

Mas o U-507 ficara à espreita, assistindo à movimentação em torno do afundamento do Itagiba. Às 16h06, o submarino nazista atingiu o Arará na casa das máquinas. A precisão do tiro fez com que a embarcação afundasse em 3 minutos. Assim, náufragos do Itagiba socorridos pelo Arará foram ao mar pela segunda vez no mesmo dia.

Por volta das 18h30, os primeiros náufragos chegavam ao Paço Municipal de Valença. As vítimas em estado mais grave foram levadas para o Hospital da Santa Casa. A partir de então, os novos grupos de náufragos foram acolhidos no prédio da prefeitura e, mais tarde, conduzidos a pensões e restaurantes da cidade.

Os tripulantes do Itagiba e os militares que viajavam na embarcação foram alojados no edifício da Sociedade Recreativa, as margens do Rio Una em Valença. O último barco com sobreviventes chegou ao porto de Valença apenas ao meio-dia do dia seguinte, terça-feira. Cerca de 160 pessoas foram socorridas.

No dia dos atentados aos navios Itagiba e Arará, Mustafá Rosenberg de Souza, 17 anos, havia viajado a Valença para ir ao cartório local.

Quando soube da chegada dos náufragos à cidade, correu para ver de perto a situação.

“No hospital havia um médico só. Começaram a chamar o povo: Entrem! Venham ajudar! Era muito sangue”, recorda. Assustado, Mustafá ajudou o médico com a limpeza de roupas, do chão e até de alguns ferimentos.

“O que eu vi foi o inferno de Dante. Muita gente morta, estraçalhada, amputada”, conta o valenciano. Impressionado com o que viu naqueles dias, o adolescente se formou em medicina.

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